Adeildo Vila Nova

Meus livros

Mulheres Negras: histórias de resistência, de coragem, de superação e sua difícil trajetória de vida na sociedade brasileira

A ideia proposta de pesquisar sobre a questão racial e de  gênero se deu pela escassez de material bibliográfico existente  em relação a esta temática e especificamente no que se refere à relação entre a Assistência Social e a Questão Racial no Brasil. Infelizmente, nas políticas públicas de assistência social a questão racial é pouquíssima relacionada com a assistência social. Na maioria das vezes estas políticas tendem a considerar a questão racial como uma questão meramente social, ou para justificar melhor, como uma questão apenas econômica. Subjacente a este posicionamento, resolvendo-se o problema  econômico, consequentemente a questão racial estaria resolvida, o que não ocorre. A invisibilidade da questão racial nas estratégias de enfrentamento da pobreza se constitui em um grande paradoxo, pois apesar das inegáveis desigualdades sociais impostas aos negros e comprovadas por diversas pesquisas, a pobreza, o desemprego e a baixa renda dos negros brasileiros foi sempre reduzida à questão de classe social, ignorando-a como uma questão racial.  Assim, torna-se necessário uma maior reflexão sobre as questões étnicas e raciais que perpassam a questão social no Brasil e suas implicações na execução das políticas públicas de assistência social. 

Das senzalas às prisões contemporâneas: a escravização e o  encarceramento em massa da população negra no Brasil como  estratégia de contenção e de controle

Desde o período de escravização das/os negras/os que foram sequestradas/os da África para o nosso país, o Brasil tem se especializado nas estratégias de contenção e de controle da população negra brasileira. A forma contemporânea se traduz no encarceramento em massa de negros e negras, especialmente as/os jovens, pobres e  periféricas/os. Como nos ilustra muito bem o cantor e compositor Marcelo Yuca (1994) na canção “Todo camburão tem um pouco de  navio negreiro”, a forma contemporânea dessa vigilância ostensiva direcionada quase que exclusivamente aos negros e negras desse país. Diz a letra da música: “quem segurava com força a chibata agora usa  farda”, ou seja, o policial é a figura contemporânea do feitor e o Estado a do senhor dos negros e das negras escravizadas/os. As prisões brasileiras são as figuras contemporâneas que nos remetem às  senzalas do Brasil escravizador. As formas de contenção e de controle do Estado sobre a população negra foram se metamorfoseando e se aperfeiçoando ao longo dos tempos, tendo sempre ao seu lado grandes aliados intelectuais que construíram narrativas de uma suposta democracia racial entre brancos, indígenas e negros, como as de Gilberto Freyre, que se consolidavam a partir da década de 1920, passando a imagem de  um país com uma convivência pacífica e cordial entre essas três raças, ou seja, um país sem conflitos quando, na verdade, todos sabemos do histórico de lutas e resistências do povo negro a uma série violências e de violações às quais foram submetidos, e ainda os são, no processo, ainda em curso, de formação da sociedade brasileira, como muito bem nos ensina Clóvis Moura, Abdias do Nascimento e tantos outros intelectuais negros que sempre se opuseram a essa narrativa que tem como perspectiva o olhar do colonizador, trazendo à luz o olhar do colonizado.


Serviço Social e Psicologia no Judiciário: perspectiva interdisciplinar

A obra que você tem em mãos agora é uma composição de  capítulos de assistentes sociais e psicólogas/os que participaram, em 2020, do IV Prêmio Serviço Social e Psicologia no Judiciário — Perspectiva Interdisciplinar, da Associação das/os Assistentes Sociais e Psicólogas/os do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPTJ-SP), por meio do qual as categorias profissionais que compõem as equipes técnicas do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo puderam renovar a proposta de desenvolver sua experiência da e na interdisciplinaridade. Ela vem a público com um olhar para o futuro, mas sem desconsiderar o passado. De um lado, este trabalho surge com a tarefa  de conectar as ideias, as práticas, as inquietações, os saberes e os enfrentamentos contemporâneos das/os assistentes sociais e psicólogas/os judiciárias/os com a trajetória de décadas de um meândrico percurso histórico que, sem dúvidas, levou o Serviço Social e a Psicologia aos espaços da Justiça, tendo como principal contributo a luta pela promoção, pelo atendimento e pela garantia de direitos de todo o conjunto da sociedade. Prestes a completar seus 30 anos, a AASPTJ-SP, mobilizada sempre por sua base, apresenta uma obra sobre os ombros daquelas/es que trilharam um caminho que, mais do que criar um campo sócio ocupacional, lançou a possibilidade de, de dentro do Judiciário, lutar por um percurso de mudança na sociedade.

Racismos, infâncias e juventudes: entre a (des)proteção,  o extermínio e a educação

Esta obra é mais um desdobramento dos estudos, debates e pesquisas realizados pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Crianças e Adolescentes – Ênfase no Sistema de Garantia de Direitos (NCA-SGD), do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), que tem se debruçado sobre os nexos existentes entre questão social, relações étnico-raciais no Brasil e a intransigente defesa dos direitos de crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. Considerando que há uma relação intrínseca entre questão social, questão étnico-racial e acesso aos direitos fundamentais, cujos determinantes sócio-históricos colocam majoritariamente crianças, adolescentes e jovens negros/as em situação de maior risco social e suscetíveis a práticas preconceituosas e discriminatórias, esta produção se coloca como essencial para o aprofundamento teórico acerca  do racismo estrutural e institucional, na perspectiva crítica, que permitirá mediações e conexões com a vida cotidiana, com o intuito de subsidiar as reflexões e as intervenções profissionais no âmbito do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), do poder público e da sociedade civil. O principal objetivo deste livro é o de apresentar os nexos entre  as relações étnico-raciais e reprodução do racismo na infância, adolescência e na juventude, em especial nas práticas institucionais dirigidas a essa população.

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