Capítulo VI - Racismo e violação de direitos humanos das juventudes: a juventude negra na mira do Estado Penal
No Brasil, o índice de violências contra a juventude negra tem atingido taxas alarmantes e precisamos encarar essa realidade que se apresenta no nosso cotidiano, questão facilmente verificável por meio das grandes mídias e redes sociais, além das diversas pesquisas acadêmicas que têm sido desenvolvidas sobre essa temática. De acordo com o Relatório do Índice de Vulnerabilidade da Juventude à Violência (2017) elaborado pela Secretaria Nacional da Juventude, as taxas de mortalidade demonstram que os jovens negros se encontram em situação de maior vulnerabilidade social, bem como entre as maiores vítimas de homicídio. O documento aponta ainda que essas mortes têm uma geografia e um endereço certo, já que se trata dos/das jovens, sobretudo das periferias, que estão mais expostos/as à violência do Estado. Inegável é o destaque de que o Estado brasileiro tem se constituído, cada vez mais, em um Estado Penal/Policial e que, em meio à constante destruição das políticas sociais características de um Estado de bem-estar social, em vez de dar atenção a esse público com a elaboração de políticas públicas, tem ofertado como resposta a adoção de práticas repressivas promovidas pela polícia e a criação de instrumentos legais para discriminar e criminalizar a população pobre e preta dessas periferias, causando ainda mais violência, tensão e instabilidade social. Nesse contexto, há também a cor de pele preferencialmente atingida, a cor preta, que está sobrerrepresentada nas periferias dos grandes centros urbanos e diretamente relacionada com o grau de exposição às violências às quais esses/as jovens estão submetidos/as, especialmente a violência policial, com suas ações truculentas e arbitrárias.